domingo, 29 de outubro de 2023

Culto da Reforma 29.10.2023

Correntes que nos aprisionam - por Patrícia Blümel ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Correntes aprisionavam comunidades nos tempos de Jesus em rituais e costumes que precisavam ser superados. E hoje? Que correntes carregamos em nossas vidas? Essa foi a reflexão no culto da Comunidade Norte Fluminense neste domingo, dia 29 de outubro, celebração do Dia da Reforma. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- No Brasil, todos são considerados livres desde a promulgação oficial da Lei Áurea, Lei n.º 3.353 de 13 de maio de 1888 que extinguiu a escravidão. Mas desde então ainda nos deparamos, de tempos em tempos, com notícias de pessoas que trabalham em condição análoga à escravidão. Isto 135 anos após a Lei! O candidato ao ministério pastoral (PPHM) Alesandro Binow iniciou sua prédica fazendo esta analogia e nos lembrando como a liberdade não pode ser considerada conquistada em definitivo, mas sim, precisa sempre ser renovada e exige vigilância constante para manter-se ativa. Baseado na leitura do texto de Gálatas 5 1-13, onde o apóstolo Paulo escreve a uma comunidade que já havia entendido a liberdade pregada por Jesus, mas por influência de alguns, estava voltando a velhos costumes que os acorrentavam, como fazer a circuncisão como sinal necessário para agradar a Deus. Assim, explicou o PPHM Alesandro, também nós nos tempos modernos temos correntes que muitas vezes carregamos sem nem perceber e, como na antiguidade, também hoje aprisionam nossas vidas e nos afastam da palavra de Deus. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Nos tempos de Lutero a luta era contra a cobrança de indulgências, costume que se aceitava à época, como um “pagamento pelo amor de Deus”. Baseado na palavra, Lutero trouxe à luz novamente a questão de que a graça nos basta e que somos livres, perdoados e chamados à vida eterna, pela morte de Jesus na cruz. Não há nada que possamos fazer para ser mais ou menos amados. Esta liberdade, porém, não deve ser confundida com libertinagem. A verdadeira liberdade leva o ser humano a crescer no amor e no dom de si para colocar-se a serviço dos outros. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Na atualidade - E hoje? Quais são as correntes que nos aprisionam? A liberdade, como falado acima, exige vigilância constante para não sermos, sem nem nos darmos conta, acorrentados a coisas que nos afastam do Pai. O PPMH citou algumas correntes modernas: o individualismo, a ganância e o moralismo religioso e com esta última alertou: sim, tem correntes aprisionando pessoas cristãs. E assim como Paulo no texto, alerta a comunidade que está se desviando do caminho, assim nós como comunidade também precisamos estar atentos aos sinais que tiram a liberdade. “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres e não se tornem escravos novamente”, diz o texto. A boa notícia é que temos as ferramentas para lutar contra as novas faces da escravidão. Este dia nos lembra de como Lutero, sendo homem comum, lutou para livrar o povo das amarras e a palavra bíblica aviva esta esperança: “Mas eu ainda tenho confiança em vocês. A nossa união com o Senhor me dá a certeza de que vocês voltarão a pensar da maneira certa”. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Nesta altura da prédica, o pastor emérito Zulmir Penno ressaltou a importância da palavra ‘pensar’ neste versículo (versículo 10). “Ser cristão une emoção, mas não é somente isso. É também razão, entendimento e estudo para saber o que é certo no caminho a seguir”, acrescentou. Sigamos pois atentos às correntes que tentam nos aprisionar. E quando as identificamos, usemos a chave que, como o PPHM Alesandro disse em sua prédica, tem nome e sobrenome: Jesus Cristo!--------------------------------- Após a pregação teve uma confraternização entre os membros que degustaram uma já tradicional feijoada para marcar esta data especial! ------------------------------------------ Patrícia Blümel é jornalista e membro na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Norte Fluminense. * A celebração contou com participação de leigos na liturgia. Algumas fotos na sequência.