Numa manjedoura...
“E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura [...] (Lucas 2:7a)
Se perguntassem a você sobre uma imagem que lhe remete ao Natal, o que você diria? Imagino que seriam muitas as possibilidades. O pinheiro ou árvore de Natal toda enfeitada, as luzes dos pisca-piscas, o Papai Noel, etc. Num aspecto mais bíblico temos a estrela de Natal, o presépio, os personagens presentes no presépio, sem esquecer do principal que é o menino Jesus. Mas quero me referir aqui à manjedoura. Ela também é algo que nos lembra o Natal. Um simples cocho onde o menino Jesus foi deitado. Aquele objeto rústico acolheu singelamente o nosso Senhor. (Às vezes fico tentando imaginar a cena daquele menino deitado na manjedoura, bem enrolado nos panos, com os olhos fechados e dormindo tranquilamente. Quem sabe dando aquele sorriso gostoso enquanto sonha. E, muito provável, também naquela manjedoura, resmungando e chorando querendo se alimentar, como faz uma criança.) “Numa Manjedoura”! O corpo do recém-nascido Jesus é depositado numa manjedoura. É preciso esclarecer aqui, para desapontamento de algumas pessoas que muito provavelmente, a manjedoura era de pedra e não de madeira, como aprendemos desde cedo. O cocho de pedra era o comum naquele contexto. A imagem da manjedoura sendo de madeira foi inserida a partir do contexto da Europa na Idade Média. Mas isso é um detalhe de pouca importância, afinal o que a situação mostra é que Jesus nasceu num lugar simples e rústico. Não num palácio.
O formato rústico da manjedoura que acolhe o corpo do menino Jesus, me faz lembrar da rústica cruz que, de maneira semelhante, mas numa situação totalmente inversa, também acomoda o corpo do Cristo Jesus. Alguém pode me questionar: no Natal você vem falar da cruz de Jesus? Sim, não consigo dissociar os dois momentos. Penso que os dois artefatos rústicos, manjedoura e cruz, são dois lados de uma mesma moeda. Não é possível separá-los. Na rústica manjedoura, descansa o menino Jesus; na rústica cruz, clama o Cristo Jesus: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (LC 23.46b). Mas ambas, manjedoura e cruz, apontam para o ato da reconciliação. Em Jesus Cristo a humanidade pecadora recebe a reconciliação com o Criador e doador da vida. Manjedoura e cruz me fazem lembrar da graça e da reconciliação com Deus concedida em Jesus.
Não sei, mas me parece que o tema da reconciliação se faz muito mais pertinente neste Natal, especialmente entre as pessoas. O ano de eleição causou muitas rupturas. Eu oro para que a reconciliação que nasce na manjedoura e se concretiza na cruz, inspire você a buscar e incentivar a reconciliação entre as pessoas. Afinal Jesus é sinônimo de reconciliação.
Um feliz e abençoado tempo de reconciliação neste Natal!
Teólogo Alesandro L Binow
Ministro candidato ao Ministério com ordenação na IECLB
(Alesandro faz o seu PPHM (Período Prático de Habilitação ao Ministério) na Paróquia Esperança (Niterói) e está sediado na Comunidade Norte Fluminense, em Rio das Ostras/RJ).
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